Eu sou a porta. Todo aquele que entra por mim, salvar-se-á. Entrará e sairá, e acharás pastagens. João 10:9

Meus amados irmãos, devo ocupar-me nos próximos minutos em compartilhar com vocês acerca da grande e intransferível responsabilidade da igreja quanto à evangelização das nações da terra. Tentarei fazê-lo procurando refletir sobre a iniciativa divina, a singularidade de Cristo, a oposição satânica e a dificuldade humana em participar ativamente na história da salvação em nossos dias. Portanto, nos ocuparemos com um tema muito importante, que trata da condenação e da salvação eterna de toda pessoa que nasce e morre no planeta Terra.

1º) Jesus, a porta da salvação – João 10:7-9 e 16.
No texto lido Jesus declara-se como a porta das ovelhas. A porta que dá acesso ao ambiente da salvação, ao aconchegante regaço da comunhão com Deus, do perdão dos pecados, do coração redimido e da vida abundante em Cristo. F.F. Bruce afirma que a declaração "Eu sou a porta" equivale à expressão, também joanina, na qual Jesus afirma, "Eu sou o caminho". É natural chamar Jesus de Porta da Salvação ou do Caminho da Salvação. João é meticuloso ao registrar, em seu Evangelho, declarações que conduzem o leitor a concluir que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o único que dá a vida eterna. João afirma categoricamente através do Quarto Evangelho que a salvação é exclusivamente através de Jesus Cristo. No cap. 20, verso 31, ele próprio esclarece o propósito de ter escrito o seu livro, "Estes, porém, foram registrados, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome".

Tais declarações têm importantíssimas implicações para as missões. Elas, juntamente com tantas outras passagens bíblicas, levaram a igreja evangélica, herdeira da reforma protestante, a crer que o único objeto legítimo para a fé que salva é a pessoa gloriosa e singular de Jesus Cristo. Solus Cristus, afirmavam os cristãos reformados do século XVI. É uma grande tristeza que hoje em dia nem todos quantos se dizem herdeiros da reforma acreditem na incontestável e sempiterna verdade, Só Jesus Cristo Salva!

Qual a sua resposta para seguinte indagação: Deus condenará o índio, no meio da selva, ao inferno, se não aceitar Jesus como salvador, mesmo que nunca tenha ouvido falar de Jesus? Existem pessoas cristãs que não conhecem suficientemente a doutrina bíblica acerca de Cristo, do homem e da salvação e imaginam que aqueles que nunca ouviram o evangelho de Cristo podem ser salvos por algum expediente que a misericórdia de Deus há de prover, mesmo sem ouvir e responder positivamente ao Evangelho. Porém, a Bíblia Sagrada afirma que o amor de Deus providenciou a salvação do homem exclusivamente através do Seu Filho, Jesus Cristo. Pedro afirma categoricamente, "Em NENHUM outro há salvação, porquanto debaixo do céu só há um Nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos". Atos 4:12.

Pedro afirmou isso num ambiente judeu monoteísta que não acreditava em Jesus como o Cristo, e que fazia parte de um contexto maior de um mundo pluralmente religioso que venerava muitos deuses e que não se mostrava disposto a acreditar em Jesus como o Filho de Deus, tal como o mundo de hoje. Assim, João afirma exaustivamente que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens. É a fé em Jesus que traz salvação (e mais nenhuma outra coisa; a misericórdia de Deus não tem outra porta e nem outro caminho; a misericórdia e o amor de Deus só tem uma porta e um caminho, e é Jesus, somente Jesus!). João deixa claro que tão importante quanto ter fé em Jesus é ouvir o Evangelho e crer nele para receber a salvação. Paulo, se alinha a João quando levanta a questão, "Como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?... a fé vem pela pregação, e a pregação, pela Palavra de Deus".

Poderíamos parafrasear a Grande Comissão, à luz de João 10:7, da seguinte forma: "Eu sou a Porta. Portanto, vão por todos os povos do mundo a abram essa porta para que pessoas de todas as tribos, raças, línguas e nações entrem por mim e sejam salvas". A porta do céu é aberta para as nações por meio da graça de Deus através da igreja quando ela envia missionários para pregar o Evangelho. Jesus veio e a porta da salvação está potencialmente aberta a todas as nações. Todo aquele que deseja e crê pode entrar pela Porta e será salvo. Mas sem a pregação do Evangelho a Porta da Salvação permanece fechada.

No versículo 16 Jesus fala que tem ovelhas noutros apriscos. Ele afirma que é necessário que Ele também conduza a estas aos pastos verdejantes (e para isto evidentemente elas precisam passar pela Porta). Essas ovelhas, dos outros apriscos, ouvirão a voz do Bom Pastor e a identificarão e O seguirão. Aí, então, apesar de haver muitos apriscos, haverá um só rebanho e um só Pastor. Aleluia!  Estas palavras de Jesus apontam para a missão entre os gentios, visto que os "outros apriscos" aludem às nações gentílicas. Na formação do novo e único rebanho universal, a parte da igreja é pregar o Evangelho a todos os povos da terra através do envio de missionários que irão pregar a mensagem que declara que o céu é um lugar de um só Caminho e de uma Porta só: Jesus Cristo.

Dá para entender a grandiosa responsabilidade da igreja? Dá para compreender a grandeza de sua responsabilidade como crente em Jesus Cristo, de contribuir para que a Porta da Salvação seja aberta a todas as nações? Estamos contribuindo com a obra missionária para que a Porta da Salvação seja/permaneça aberta para que vidas preciosas entrem por ela aqui em Londrina, nos sertões e entre todas as nações. Devemos nos esforçar cada vez mais para que a Porta da Salvação se torne a cada dia mais acessível a todos os povos da Terra.

2ª) A porta do coração do crente, Apocalipse 3:20.
Talvez esta seja a porta mais difícil de se abrir. Vamos nos reportar ao Livro do Apocalipse para entender melhor essa última questão de nossa reflexão. Apocalipse 3:20 diz: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo". Usualmente utilizamos esta passagem num sentido evangelístico, e não deixa de ter seu viés evangelístico, contudo, este verso é dirigido à igreja. Uma igreja decadente, à beira da apostasia, sufocada pelas coisas desta vida foi o alvo desta palavra.

A igreja Laodicense era materialmente rica, sua cidade possuía indústrias e um vigoroso centro bancário. A carta não menciona problemas de perseguição ou de falsos mestres. Porém, a igreja de Laodicéia foi fortemente exortada por sua situação espiritual de extrema pobreza. Seu grande problema residia numa vida cristã marcada pela indiferença, eram cristãos de nome, acomodados, sem compromisso real com Deus. Não eram nem frios e nem quentes. Ou seja, eram pessoas que não rejeitavam a fé cristã, mas também não se comprometiam com ela. Eram uma espécie de cristãos-pagãos. Professavam uma fé que, na verdade, não viviam. Mas estavam dominicalmente na igreja e ouviam a mensagem, mas não a aplicavam a si mesmos para vivê-la. Talvez fossem cristãos que não se deixavam conduzir totalmente pelas heresias, mas também não se dedicavam inteiramente à sã doutrina para conhecê-la e obedecê-la. Eram cristãos que consideravam o custo de combater na guerra cristã, mas, assustados, mantinham-se no ócio, esperando negociar com o mundo. Eram cristãos abastados materialmente, bem posicionados na sociedade laodicense, mas espiritualmente eram infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus. Não conseguiam perceber a sua realidade espiritual. Que lástima!

Um grande pintor do passado pintou uma tela que retratava Jesus batendo numa porta sem maçaneta, do lado de fora. Conta-se que um homem, certa feita, levou seu filhinho para ver essa pintura. O garoto, intrigado, perguntou: "- Pai, porque não abrem a porta para Jesus?", O pai respondeu que não podiam ouví-Lo batendo à porta. Não aceitando a resposta, disse o garoto: "- Pai, eu acho que as pessoas da casa estão ocupadas no quartinho dos fundos, fazendo outras coisas, por isso não conseguem ouvir Jesus". Na verdade, o menino tinha razão. Os crentes de Laodicéia estavam tão atarefados com seu trabalho, com seus afazeres, com seus banquetes, com seus prazeres, com seus interesses, com seus pecados, que não podiam ouvir Jesus chamar.

Com relação a missões, amados, a história é semelhante. Jesus está batendo à porta do nosso coração, chamando-nos para o compromisso com a evangelização do mundo. Muitas igrejas estão no quartinho dos fundos, ocupadíssimas com suas programações sociais, com suas imponentes construções, com seus cultos elaborados mais para o entretenimento do cristão do que para glória de Deus, e assim, não conseguem ouvir o apelo missionário da Trindade. Quantos de nós em vez de considerar seriamente o que pode fazer em favor da obra missionária vive um estilo de vida egoístico e indiferente preso ao materialismo crônico, ao consumismo desenfreado e insaciável. Jesus bate à porta e deseja desalojar-nos do quartinho dos fundos para vivermos o cristianismo verdadeiro, profundo e comprometido em fazer o que Deus quer que façamos.

O Senhor Deus deseja com ardor usar cada um de nós em Sua obra em favor das nações. Ele deseja contar com as nossas orações, pois deseja respondê-las. Deseja contar com nossas ofertas, pois deseja usar-nos como instrumentos Seus. Ele está à porta do nosso coração sussurrando-nos que deseja usar-nos, contar conosco; de alguns deseja a entrega da vida para enviar aos campos; de outros, deseja a consagração do tempo e dos bens. Pois, como alguém já disse: a evangelização do mundo se faz com os pés dos que vão, com os joelhos dos que oram e com as mãos dos que contribuem.

1. Jesus é a Porta e Deus quer usar-nos para abrir a Porta da Salvação aos povos da terra através da pregação do Evangelho;

2. Jesus está à porta do nosso coração convidando-nos a abandonar o quartinho dos fundos e recebê-lo na sala para assumir um sério e crescente compromisso com Ele e, por conseguinte, com a evangelização do mundo. Ele deseja que o ardor do Seu santíssimo coração arda também no nosso coração. Assim como Ele ofereceu-se a si mesmo para dar Sua vida em favor da salvação de pessoas de todas as nações, Ele deseja que semelhantemente ofereçamos nossas vidas para sermos bênçãos para (os sertões e) as nações da terra participando comprometidamente com aquilo que podemos fazer em favor da evangelização do mundo.Que Deus nos abençoe!

Sérgio Ribeiro